Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2021
Imagem
Mais uma da gata Malhada!      A gata Malhada deixou todos preocupados pois, de um dia para o outro, ficou demasiado parada!      Numa bela manhã de sol...teria de ser de manhã, pois ela levantava-se bastante cedo (ninguém fazia desse facto segredo!), a gata não se levantou!       “Oh! Não posso crer! A gata Malhada ainda está deitada!” pensou a sua dona pasmada.       Não haveria de ser motivo de preocupação, daí a pouco daria um pulo e saltaria para o balcão. Mas, não! Não foi isso que aconteceu! A gata ficou, ficou na sua caminha, abriu um olho, mas adormeceu.       “Não façam barulho! A gata Malhada deve estar tão cansada que, hoje, resolveu dormir mais um pouco! Deve ter vivido aventuras noturnas sem igual e, agora, não dá sinal!”       Assim, todos tiveram cuidado com o tom e até à televisão baixaram o som! Deixava-se dormir a gata Malhada pois, aparentemente, estava muito...
Imagem
  Nova aventura da gata Malhada      A gata Malhada passava os seus dias sentada ou deitada sem fazer nada, mas, certo dia, decidiu que queria conhecer o mundo, queria aprender mais e saber de outros animais. Assim, traçou um plano de fuga que colocaria em prática na manhã do dia seguinte. Naquela tarde não lhe dava jeito, tinha uma palpitação no peito. Precisava de mimos e carinhos, como tal contentava-se em que a sua maior aventura, naquele dia, fosse espreitar os vizinhos!      Adormeceu na sua caminha fofinha e ronronou até se fartar pois tinha saboreado um belo peixe cozido ao jantar.         Aos primeiros raios de sol, levantou-se a preguiçosa, talvez não acreditem, mas estava ansiosa.       “E se corria mal?”      “E se encontrasse muito pessoal?”       Tantas eram as dúvidas que ainda lhe ocorreu desistir. Era uma possibilidade, mas, sentiu que tinha que ir, de verd...
Imagem
  Matias      Matias era um vendedor de comida de rua numa cidade que nunca dormia. Quando o questionavam porque motivo por ali continuava a vender os seus cachorros quentes, porque não procurava empregar-se num restaurante, Matias sorria e dizia apenas que assim podia observar a vida.       A vida passava por ele a correr, parava, comprava-lhe algo para comer rapidamente e seguia em passo apressado. Apenas Matias por ali ficava sempre, desde as oito da manhã até às seis da tarde; desde o momento em que servia os seus copos altos de café, os seus galões, os seus chocolates quentes até à altura em que lhe pediam um chá, um saquinho de bolachinhas e pelo meio servia os seus tão apreciados cachorros quentes, que continham um molho especial. Podia dizer-vos que era um molho resultante de uma receita daquelas que passam de geração em geração (seria bem mais poético!), mas, na realidade, Matias era um criativo e na mistura de especiarias descobrira como...
Imagem
PAI      - Avô, jogas comigo ao Bingo?      Seguia-se um momento de pausa, um murmurar de palavras que não se entendiam e o avô levantava-se da cadeira, onde encontrara uns momentos de descanso. Caminhava lentamente, apoiado na sua velha bengala, em direção à sala onde estava a sua neta. Com um sorriso nos lábios miúdos, olhava ternamente para a pequena e sentava-se defronte dela. Sofia já preparara os cartões, colocara as pequenas peças, que o avô agarraria com os seus dedos grossos, e estava pronta a fazer rodar as bolas na tômbola de plástico.        - Número 17...      Seguia-se um silêncio.       A Sofia percebia que o avô não a ouvira. Falava mais alto e os olhos azuis do velho senhor procuravam no seu cartão o dito número. Calmamente repetia-se todo o processo até que um deles se regozijava com a palavra “bingo”.        Assim se passava uma boa parte da tarde do avô ...
Imagem
  Pequenos Contos: Zacarias      Ao longe via-se um vulto ansioso, nervoso por recomeçar. No fundo, voltar a fazer o que se fez no dia anterior, sendo que cada tarefa era um momento de valor.       Valor na ajuda ao seu mentor, um petiz de tenra idade, que trabalhava de verdade.       Valor em manter-se forte, em ser competente e estar sempre presente.      Valor pela tranquilidade que sabia existir naquela amizade. Uma amizade estranha, poderão pensar, mas, desde cedo, o Zacarias sabia que o Lino estaria sempre ali, para si.      Bem cedo, pela manhã, aguardava pela chegada do seu amigo ao quintal; ali ficara desde a noite anterior, no seu cantinho sob o calor das estrelas, a palrar devagarinho e a cantarolar. Um burrito não cantarola? Pois fiquem sabendo que sim, desde cedo aprendera a cantar em latim pois era um burrito letrado! Até já pensara em fazer um mestrado!       A c...
Imagem
O jardineiro        Passava os seus dias a cuidar de plantas, sabia os seus nomes (e quando não sabia, atribuía-lhes um de acordo com a sua beleza) e, assim, sentia o abraço da natureza todos os dias.       Francisco, ou Chico tal como era conhecido, tornara-se jardineiro há muitos anos atrás. Filho de famílias pobres, não tivera oportunidade de prosseguir estudos; ao invés, teve de começar a trabalhar assim que pode, tal como muitos outros da sua geração. Assim, uma vez que não lhe faltava energia e engenho, foi fazendo um pouco de tudo, já que, contrariamente ao seu amigo António que pudera escolher uma profissão através dos estudos, ele não o pudera fazer, Chico estava decidido a procurar a sua vocação através do trabalho, pelo que, desde que lhe fosse possível, estava decidido a experimentar tantas profissões quantas pudesse. Haveria de encontrar a sua vocação, algo que o fizesse realmente feliz e que pudesse desempenhar com satisfação e praze...
Imagem
O caminho      Por aquele caminho, por aquela estrada, passavam pessoas sem rosto, pessoas sem história conhecida.      Maria era uma jovem solitária que adorava sentar-se naquele jardim a ouvir os pássaros, a sentir a natureza. Morava sozinha, tendo por companhia um gato que adotara na rua.       A certa altura, quando Maria percorria, a pé, absorta nos seus pensamentos, o caminho entre a casa e o seu emprego ouviu um miar fraco. Baixou os olhos e viu, num canto do passeio, um gatinho encolhido, maltratado e de olhos esbugalhados. Não hesitou. Pegou nele. Levou-o para casa e fitou-o. Aí pensou no que deveria fazer.       Muitas ideias lhe passaram pela cabeça, mas sentia-se, a cada instante, cada vez mais ligada àquele pequenino ser. Como poderia não se apaixonar? Sabem daqueles amores à primeira vista? Foi o que aconteceu, embora, muito honestamente, ninguém se apaixonasse por um gatinho sujo, remeloso, magro e que ...
Imagem
 A árvore do vento      Por debaixo daquela árvore corriam histórias levadas pelo vento. O vento que nos leva até onde ainda não sonhámos ainda ir.        O pequeno Joel saía, todos os dias, bem cedo, para pastar as suas vacas magras. Já não havia escola para ele. Já não havia jogo de bola na rua. Havia que ajudar a família. Havia que trabalhar. Pois é, nem todas as crianças permanecem na escola. Algumas precisam de crescer mais rapidamente por esse mundo fora, precisam de aprender as durezas da vida e enfrentá-las como se fossem adultos. Não significa que o Joel não fosse feliz. Conhecia as suas vacas e elas conheciam-no.       Todos os dias percorriam quilómetros em busca de algum pasto, o que não era tarefa fácil naquela ilha árida e meio desértica, mas, com um pouco de sorte e sabedoria, lá conseguiam encontrar algo que pudesse satisfazer os animais. A sabedoria não era aquela que Joel tinha aprendido na escola, ganhar...
Imagem
Pequenos contos: O pato Renato      O pato Renato não era um pato comum, pois para além do bico verde, adorava comer sandes de atum. Era pacato e astuto, andava devagar e detestava ser bruto, preferia conversar, ou melhor, grasnar, do que estar sempre a gritar como o seu vizinho Martinho. Enfim, gostava de filosofar, de rimar e de sonhar em voz alta, mas detestava estar na ribalta.       Renato adorava viver na sua pequena comunidade que se instalara junto a um lago, numa linda propriedade. Todos viviam em harmonia, de vez em quando, havia uma brigazita, já se sabia, mas depressa se resolvia com a intervenção do pato João. Era este que orientava o bando dos patos, por ser o mais velho e o mais sensato, todos o ouviam e ninguém o achava chato.       No entanto, certo dia, o pato João perdeu a razão, coitado! Não dizia coisa com coisa! Adiantava-se que fora uma alergia ou outra qualquer patologia, o que se sabia é que já ninguém conf...
Imagem
  Crime na Aldeia (II)      Não tardou muito até as autoridades identificarem a vítima; aliás tivessem divulgado o retrato da senhora e, mais depressa, ainda, lhes teriam dito que se tratava da enfermeira Eva que visitava a aldeia de quinze em quinze dias. Foi um choque! Ninguém queria acreditar que a pessoa encontrada numa poça de sangue no palheiro da ti Maria da Luz fosse aquela enfermeira simpática que atendia cada queixume, cada maleita com um sorriso nos lábios. Como era possível?       Toda a aldeia estava estarrecida com tal descoberta. Atiravam-se hipóteses, engendravam-se esquemas de ligações que nunca colocavam em causa a idoneidade e a seriedade da senhora enfermeira. Lamentava-se a idade, a juventude, a simpatia da jovem Eva e, ao mesmo tempo, o facto de que, agora, provavelmente, tardaria até terem novo enfermeiro. Amaldiçoava-se quem teria cometido aquela barbaridade.      As autoridades, após identificação da vítima,...
Imagem
Pequenos contos: O papagaio verde      O papagaio verde morava na cidade, tal como tantos outros papagaios da sua idade. Não conhecia outro lugar, pelo que passava os seus dias, por ali, a voar, a pairar e a sonhar. É verdade! Um papagaio também sonha em ser aventureiro! Talvez em ser marinheiro (assim podia navegar pelo mar, sem parar), talvez em ser banqueiro (assim podia ter muito dinheiro (e fazer um cruzeiro), talvez em ser carpinteiro, bombeiro, barbeiro e, até quem sabe, cavaleiro! Obviamente, não passavam de fantasias na cabecita do papagaio pois, na realidade, nunca saira da cidade, conhecia o parque verdejante e já lhe parecia bastante.         Todos os dias tinha a mesma rotina: voar de ramo em ramo, cantar até se fartar e quando a fome apertava, olhava em volta e escolhia um turista que, depressa, a mão lhe estendia. Levantava-se do seu poleiro e pousava primeiro no braço, mas depressa andava até à mão, onde o esperava a sua refeição. ...
Imagem
  Pequenos contos: Simão e o seu amigo      O cão Simão era um animal pachorrento, tanto assim era que, pela manhã, tinha sempre um discurso muito lento. Abria um olho, que teimava em fechar-se, e tentava, por todos os meios, obrigar a outra pálpebra a levantar-se. A sua mãe sempre disse que ele já nasceu um grandessíssimo molengão, ao contrário do seu irmão que corria, às voltas, até mais não. Eram tão diferentes aqueles dois, mas, ainda assim, a família que os adotou não os quis separar, assim que os viram, gostaram tanto deles que nem deu muito que pensar.       Passaram a habitar num grande jardim verdinho, com muitas árvores e rodeados de carinho. Ao seu irmão chamaram-no de Sebastião e a si, apelidaram-no de Simão.        Cada qual tinha a sua casota, a sua caminha e os seus pratinhos, para além que passaram a ser vizinhos da Carlota, a galinha de estimação.       Ao principio, o Sebastião, que p...
Imagem
Crime na Aldeia (I)      A aldeia acordava em sobressalto, já se sabia que, no dia anterior, tinham encontrado um corpo no palheiro da Ti Maria da Luz.       Como habitualmente, naquela fatídica manhã, a Ti Maria levantou-se, madrugadora, e dava inicio à sua rotina: tomava o seu café acompanhado por um pedaço de broa com queijo, lamentava-se sozinha pela manhã fria e começava a saudar os seus animais. Os primeiros eram sempre os seus dois gatos: tropeçava neles, praguejava um pouco e acabava por acariciar-lhes a cabeça enquanto ambos se roçavam nas suas pernas, ronronando.       Depois, dirigia-se ao galinheiro, abria os postigos e as galinhas começavam a desfilar uma após a outra, cacarejando, o galo cantava e, por fim, vinha o casal de patos assustadiços, parecia que estavam sempre com receio de tudo e de todos. Era preciso trazer, pelo menos, dois baldes de ração para tanta ave, pelo que, o passo seguinte era, como sempre, dirigi...