Nova aventura da gata Malhada

    A gata Malhada passava os seus dias sentada ou deitada sem fazer nada, mas, certo dia, decidiu que queria conhecer o mundo, queria aprender mais e saber de outros animais. Assim, traçou um plano de fuga que colocaria em prática na manhã do dia seguinte. Naquela tarde não lhe dava jeito, tinha uma palpitação no peito. Precisava de mimos e carinhos, como tal contentava-se em que a sua maior aventura, naquele dia, fosse espreitar os vizinhos!
    Adormeceu na sua caminha fofinha e ronronou até se fartar pois tinha saboreado um belo peixe cozido ao jantar.   
    Aos primeiros raios de sol, levantou-se a preguiçosa, talvez não acreditem, mas estava ansiosa. 
    “E se corria mal?”
    “E se encontrasse muito pessoal?” 
    Tantas eram as dúvidas que ainda lhe ocorreu desistir. Era uma possibilidade, mas, sentiu que tinha que ir, de verdade! Tinha que descobrir o que havia lá fora e já estava na hora! 
    Ninguém naquela casa achava que a gata Malhada se fosse evadir, pelo que não havia muita preocupação com a janela. Ela seguiu devagarinho, com muita cautela, para que ninguém a visse e a impedisse! Zás! 
    Atirou-se pela janela e aterrou na relva. Achou-a estranha, mas não teve muito tempo para pensar pois imediatamente se assustou com uma aranha!
    Seguiu cautelosa e também um pouco nervosa. Tudo lhe parecia enorme naquele jardim! Enfim, talvez fosse ela que fosse pequena!  Por fim, decidiu-se a seguir em frente, mas parou, quando, de repente, lhe aparece um gato maltês. É verdade, era o gato das histórias que começam com “Era uma vez...”! Ás riscas, cinzento, apareceu em passo lento. 
    Mirou-a com altivez e estava a preparar-se para a atacar quando, do ar, lhe cai uma bolota na cabeça. Sentindo-se envergonhado e assustado, por não saber quem estava do outro lado, coloca o rabo entre as pernas, e sai dali muito desagradado. 
    Nisto, a gata Malhada olha para cima, pisca um olho, depois o outro, mas tudo lhe parecia torto. Não conseguia ver, quem por cima de si, se estava a entreter. De repente, ouve um bater de asas, um vulto que voa na direção das casas. Percebeu que era um pássaro e que este a tinha ajudado com aquele gato malvado! Ufa! Ainda bem!
    Seguiu o seu caminho para descobrir logo ali, no meio do azevinho, um focinho que ressonava. Parou, olhou e pensou no que fazer...aquele era o cão do vizinho que ladrava a cada gato que passava...  
    Silenciosamente resolveu afastar-se, era uma gata corajosa, mas, naquele momento, achou que o melhor seria uma saída airosa!  
    Andou durante um bom bocado até satisfazer a sua curiosidade: de cheiros, de canteiros, de flores, de cores, de bichos, bem, até satisfazer os seus caprichos! Tinha fome, estava cansada e toda despenteada. Nunca se vira assim! Andara tanto que não sabia regressar, afinal, era a primeira vez que se aventurara sem pensar em como voltar! Deu-se conta que planeara bem a fuga, mas esquecera-se do regresso. Tentou engendrar um plano, mas sem sucesso! 
    Deitou-se num canteiro de rosas e acabou por adormecer. Sentiu duas mãos que a levantaram do chão e a abraçaram no aconchego sentido do coração. 
    Mal deu por si, estava de volta ao seu lar, à sua caminha, à sua mantinha e aos seus donos que ficaram tão assustados por não a ver que saíram a correr à sua procura. Estava aliviada por regressar, mas, ao mesmo tempo, feliz por ter vivido aquela aventura!


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