A Gata Malhada está de regresso!
A Gata Malhada não andava, desta vez, nem arreliada, nem atrapalhada, nem melindrada; estava apenas admirada! O que havia assim de tão importante? O que seria capaz de fazer a Malhada carregar o semblante?
Bem, uma certa movimentação de móveis e objetos que, à primeira vista, não teriam qualquer razão de ser, não teriam qualquer intenção. No entanto, mal sabia a malograda Gata Malhada o que ainda estaria para vir: um habitante que, certamente, não a faria sorrir ( "desenganem-se aqueles que acham que os gatos não sorriem, sorriem, pois!")
Regressando ao cerne da questão, depressa veio a Malhada a descobrir que os seus donos adotaram um cão!
"Um fedelho felpudo que lhe viria tirar a sua caminha de veludo!"
"Um atrevido de nariz comprido que viria causar demasiado alarido!"
"Um...um...cão que seria, de certeza, um grande trapalhão e que lhe viria roubar a sua ração!"
A Gata ficou indignada, ofendida, sentida e irada e para demonstrar a sua opinião resolveu eriçar os seus pelos e marcar a sua posição.
"Espero que ele entenda que, aqui, quem manda sou eu!", pensava a gata a ficar cada vez mais abalada.
No entanto, apesar de tal aparato, o cão Amadeu dirigiu-se à gata e, sendo de fácil trato, estendeu-lhe a pata em sinal de amizade. A Malhada ficou abismada, de verdade; mas, não querendo dar parte fraca, soprou e o seu pelo eriçou.
O Amadeu, que não passava de um cachorro, não entendeu, assim, preparava-se para insistir, no entanto, no último instante, virou-lhe as costas e começou a latir quando sentiu o dono a tossir.
A Malhada aproveitou o momento para se inteirar do que, de facto, se estava a passar e para desagrado seu, com espanto, percebeu que aquele cão viera para ficar pois até lhe tinham arranjado um colchão!
A partir dali, a Malhada engendrou um plano: daria a entender que com aquele cachorro não podia viver, assim, o dono teria de selecionar e escolher: ou uma gata malhada muito esmerada ou um cão completamente trapalhão!
Não tardou até que o dono entendesse a situação e, também ele, apelando à razão, tentasse que todos se dessem bem! Começou por estabelecer tempos de brincadeira, mas mais não conseguiu do que agravar a ciumeira; não obstante, tentou criar momentos de carinho com os dois, mas o Amadeu estava sempre a encostar o seu focinho e a gata achava-o mesquinho.
A situação estava de difícil resolução!
Certa noite de tempestade, a Malhada estava assustada, de verdade! Não se sentindo confortável para dormir sozinha, foi deitar-se na caminha do Amadeu. Como este ainda era pequeno, arrumou-se a um cantinho e acabou por ser um bom vizinho. Olharam-se nos olhos sem saber bem o que fazer, mas, deixaram a amizade acontecer para que, naquela noite, nenhum ficasse num canto sozinho a sofrer.
De repente, à Malhada já nada lhe importava desde que estivesse acompanhada como naquela noite de tempestade.
Na manhã seguinte, já a Malhada e o Amadeu eram amigos, no entanto, a Gata sabia que teria de manter as aparências pois, onde já se viu, uma gata Malhada fazer amizade com aquela facilidade! Ainda para mais com um cão trapalhão!
Dias mais tarde, viria a Malhada a descobrir que, na amizade, o importante é sentir e sorrir!

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