A gata Malhada

    A gata Malhada estava metida novamente numa grande alhada!

   Por esta altura, o leitor já deve estar a pensar que esta gata é um pequeno terror; tanto quer ser letrada, como está arreliada, como, em certos dias, está amuada pois não lhe deixam fazer o que ela quer! Pois bem, é assim mesmo o espírito aventureiro duma gata que não sabe estar parada e sossegada, exceto quando está cansada...

   Naquela manhã, como sempre fazia, esticou as suas patas, alisou o pelo e deu uma patada num novelo. De seguida, foi sentar-se imponente, mas contente, junto à sua tigela amarela. Estava na hora da sua paparoca e todos sabiam que não se contentava com uma maçaroca, isso era comida de galinha! Passado um bom bocado, achou estranho que não aparecesse ninguém, nem a miúda, nem a mãe! 

    Ficou indignada pois ela já estava levantada e preparada, no entanto estava a ser completamente ignorada. Como era inteligente, e obviamente começava a ficar descontente com a situação, decidiu resolver ela mesma a questão: iria à despensa procurar a sua refeição (qualquer coisa lhe servia, pois a fome crescia, até já se ouvia um roncar que não lhe estava a agradar).

    A porta estava entreaberta, logo sendo ela uma gata esperta, deu um empurrão, entrou e mirou as caixas empilhadas no chão. Ali não encontraria nada, o seu olfato era apurado, mas naquele dia estava um pouco constipada pelo que seguiu com a sua cruzada.

    Saltou para uma cadeira, empoleirou-se numa prateleira, derrubou uma fruteira e ia dizendo uma asneira. Desejou que ninguém a tivesse topado...já sabia que o pessoal ficaria zangado por ver a bagunça que a gata estava a causar. Mas a culpa não era dela, só tentava chegar aquela tigela onde lhe guardavam a mortadela!

    Ouviu uns passos na cozinha (não eram da vizinha!), teve receio de admitir o que tinha feito, pelo que se escondeu rapidamente num estranho recipiente...

    A porta fechou-se e tudo escureceu...

    “Liguem a luz!!! O que aconteceu?” questionava-se a Malhada que estava a ficar atrapalhada. É que ela não gostava mesmo nada da escuridão e de estar fechada!

    Desatou a miar a pleno pulmão, até que a luz se ligou e a porta se abriu. Uma mão agarrou a Malhada e um rosto sorriu: era a dona que tentava ensinar-lhe uma lição. A Malhada, por ser apressada, e não querer esperar um momento, viu-se metida numa alhada! Será que aprendeu a lição? Talvez sim, talvez não...o que é certo é que continuava a pensar na sua refeição!

 

Comentários

Mensagens populares deste blogue