A gata Malhada
Nem sempre se escreve para adultos, há alturas em que as palavras desabrocham no nosso lado mais infantil e leve e a história a todos serve. Pois bem, talvez sejam essas as palavras que vos trazem a história da gata Malhada ou seria tresmalhada? Pouco interessa, quando, de facto, queremos apenas conhecer a protagonista desta história que nasceu, um dia, na minha imaginação e no meu coração; assim, e como em todos os contos de fazer sonhar, vou, então, começar com...era uma vez uma gatinha, que não era um gato maltês, mas antes uma gata que sabia falar Inglês... ou seria Português? Não se sabe muito bem, pois a gata apenas miava a cada passo que dava, por cada mosca que encontrava e por cada bola que, à sua frente, rebolava. Mas, já me estou a desviar do assunto, pois o que interessa nesta história é saber quem era esta gata misteriosa.
Ora bem, certo dia, estava eu à procura de um animal de estimação, daqueles de quatro patas, que nos animam e nos aquecem o coração, quando alguém me confidencia “está uma gata especial no gatil”. Gatil? Sim, aquele que fica no canil. Sem demoras, para lá me dirigi e foi, então, que a vi: esbelta e altiva, sentada no seu cantinho estava a gata malhada a fazer ronron baixinho! Os nossos olhares cruzaram-se, as minhas mãos esticaram-se e ela dirigiu-se para mim. E foi assim que começou a nossa história que ainda é curta mas da qual já há memória.
Gosta de dormir, mas também de me fazer sorrir; gosta de brincar, pelo que é frequente vê-la roubar um boneco velho, uma pilha abandonada ou uma peúga tresmalhada. Dona do seu nariz, não gosta do cheiro do verniz, mas cuida de ter as suas unhas afiadas e sempre bem lavadas.
Da varanda observa o que se passa, finge que não está lá, no entanto, sabe que a vizinha da frente não disfarça a curiosidade de ver quem anda na sua vida, que o carteiro entrega a carta da despedida, que o padeiro deixa o pão e leva o dinheiro, que a criançada chuta a bola e esta, pela estrada fora, rebola, rebola...
Criou a sua rotina que se inicia logo pela matina: patê no pratinho, visita à caixa da areia e hora do miminho; depois, é brincadeira pegada com os bonecos que andam pelo ar, com uma bola que salta sem parar e com o seu rabo sempre a girar. O cansaço apodera-se e aclamam-se os ânimos, lava-se o pelo, sacodem-se as orelhas e procura-se um cantinho para dormir um soninho. Há de ser curto e leve pois não pode descurar o que o dia ainda lhe pode dar e, de repente, alongam-se as patas, estica-se a dorso e tudo recomeça como se nada fosse. Do nada surge um mosquito, a gata posiciona-se, estuda a estratégia e lança o ataque mortal...come o mosquito e não lhe sabe nada mal!
Pode parecer uma história como tantas outras, mas, é a história da minha gata Malhada que, um dia, andava tresmalhada e por mim foi encontrada. Já não passo sem ela e ela sem mim; somos ambas assim! Eu chamo por ela, ela mia por mim, eu dou-lhe mimos e ela ronrona sem fim!

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