Jessie Na mesma casa da Malhada, vivia uma cadela que fazia muita asneirada! Esta era a opinião da Malhada que não deixava de ser duvidosa pois quando se tratava de abordar questões mais pertinentes a gata gostava de mostrar os seus dotes e afirmar que era inteligente! A cadela era, de facto, desastrada, mas muito bem amestrada! Escutava, sentava e esticava a sua pata sempre que era solicitada! Era, por isso, obediente apesar do desdém da gata inteligente. Certa vez, com tanto entusiasmo, caçou uma galinha, tropeçou numa pinha e afugentou a vizinha. Mas não fez nada por mal, era uma cadela desajeitada e tal era a alegria quando via a sua dona que já nada mais lhe chamava a atenção, nem a cantoria da pomba que, em certos dias, mais parecia uma bomba. Enfim, já todos estavam habituados ao frenesim. Quando levavam a cadela a passear, ela era incapaz de andar, a sua velocidade era tal que davam duas...
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A mostrar mensagens de abril, 2021
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Manuela Farinha
A Gata Malhada A gata Malhada acordou arreliada! Fora, possivelmente, roubada! Bem cedo pela manhã, abriu um olho, esticou uma pata, tombou uma lata, assustou-se e escondeu-se debaixo de uma manta pois era tanta, mas tanta, a confusão, que resolveu parar um bocado e esperar que tudo estivesse acabado: o barulho da lata que rebolava e nunca mais parava! Enfim, quando pôde, finalmente, voltar a si, foi aí que se lembrou do que originou aquela confusão: não viu à sua frente, quando acordou, o seu amigo Grilo, aquele peluche tranquilo que ela fazia saltar e rebolar sempre que lhe apetecia brincar! Ficara indignada e até exaltada. Como poderia o seu amigo Grilo ter desaparecido? O que teria acontecido? Tinha de investigar se o Grilo queria encontrar, pelo que começaria por perguntar, como qualquer bom detetive faria, aos suspeitos do costume. Dirigiu-se ao canário Amarelo que gost...
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Manuela Farinha
Antónia Era frequente ver Antónia a ler, sentada num banco de jardim, em frente à sua casa. Morava numa pequena cidade, num pequeno apartamento, com a sua pequena família, que, muito embora, fosse pequena de tamanho, era grande de coração. O pai Manuel saia de casa bem cedo, tinha que atravessar toda a cidade para estar a horas no seu emprego. Desempenhava a mesma função há mais de vinte anos: era responsável por uma secção de montagem numa fábrica de peças. Certa vez, Antónia questionara-o se era feliz naquilo que fazia e, como em todas as ocasiões mais sérias, o pai fizera-lhe aquele discurso honesto e sentido: - Minha querida, por vezes, as circunstâncias da vida levam-nos a aceitar que nem tudo pode ser bom e maravilhoso; se eu te tenho a ti e à tua mãe, às nossas brincadeiras, a esta vida boa que vivemos os três, tenho que saber aceitar que nem tudo me pode fazer feliz. Não sou infeliz no de...
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Manuela Farinha
Artur Artur era um jovem curioso. Sei que já vos tenho falado de pessoas diferentes, de pessoas que sentem e vivem à sua maneira, pelo que não poderia deixar de vos falar acerca do Artur. Nascera numa família numerosa, como tantas outras. Numa família em que ter o estatuto de filho mais novo pode não ser uma tarefa fácil quando tantas vozes se levantam e se querem fazer ouvir. Talvez por isso, Artur fosse um miúdo de poucas palavras, mas de muitos sonhos, de muitas curiosidades, com uma vontade imensa de abraçar desafios e, se pensam que veio a descobrir esta veia apenas quando cresceu, estão enganados! Desde muito pequeno que o menino ficava calado, sentado (quando ainda não sabia andar) a observar o que o rodeava. Não se aventurava na disputa de um brinquedo sem antes ter feito uma breve análise e ponderação, no fundo, pensar se valia mesmo a pena. Podem achar estranho, mas o Artur era assim. A mãe levava-o ...
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Manuela Farinha
Nova trapalhada da Gata Malhada Lembram-se da gata Malhada? Aquela gatinha que não gostava de estar parada e que queria estudar, queria ser letrada? Pois bem, estava aborrecida! Olhava pela janela e sonhava deleitada com um pastel de nata com canela. Ah, pois, para quem não sabe, a gata era gulosa, sonhadora e engenhosa. Nesse dia, enquanto lia (uma revista especializada em assuntos de gatos) decidiu que queria ser artista; não sabia bem de quê, mas haveria de descobrir e, até conseguir, perguntou a todos aqueles de quem se lembrou que artista haveria de ser. A coruja, que morava na Azambuja, disse-lhe para cantar, que todos gostam de escutar uma bela voz! Já o cão Simão disse-lhe que devia pintar, que devia transpor para a tela imagens de encantar. Não se dando por convencida (sabe-se lá se não lhe estavam a pregar uma partida!) resolveu ir ter com o seu vi...
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Manuela Farinha
Isabel O rosto sereno da Isabel deixava transparecer a calma com que encarava, naquele momento, tudo na sua vida. Dedicada ao que fazia, ensinar, todos os dias agradecia por mais uma oportunidade de poder saborear a vida. Quando, por vezes, pensava em todos os infortúnios, todas as batalhas vividas, achava que tudo valia a pena: observar uma nuvem, sentir o cheiro de uma flor, escutar o chilrear de um pássaro...todas aquelas coisas pequenas de que ninguém se apercebe na correria do quotidiano. Fora uma jovem ambiciosa, como a maioria dos jovens da sua geração. Trabalhadora e incansável, sabia (ou, pelo menos, assim pensava) o que queria alcançar. Dentro de si criava os seus limites, as suas metas e procurava atingi-las. Sonhava com conquistas, não se deixava ficar inerte, ainda que as portas se fechassem, fazia questão de bater nelas, de dizer ao mundo: “Estou aqui!” E, assim foi durante muito tempo. A...
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Manuela Farinha
A expressão da saudade A expressão da saudade Vive no olhar de quem a sente, No cheiro que está presente No coração de quem não mente! A expressão da saudade Não é mais do que aquele momento, Aquele instante no tempo Em que fomos felizes de verdade! Na penumbra da noite escura, Revive-se a ingenuidade Com que não se construiu uma armadura, Com que se acreditou que tudo era verdade! Dá-se um passo de cada vez, Enfrenta-se o medo Na escuridão, em segredo, Ansiando não repetir o que já se fez! A expressão da saudade Leva-me aonde fui feliz, Leva-me a recordar a vontade De voltar a ser petiz!
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Manuela Farinha
Gabriel “-Não te distraias! Vê lá não caias!” Passava a vida a ouvir estas expressões, quando, na realidade, só queria olhar para os aviões. Aqueles que passam lá no alto, sem se saber para onde vão, mas onde se deseja ir...do fundo do coração. Não pensem que o Gabriel era assim tão trapalhão! Não era, não! Deixem-me contar-vos um segredo: o Gabriel era astuto e, em menos de um minuto, construía um avião de papel. Quantas horas, quantos momentos passou o petiz naquele pontão onde todos tentavam vender o seu peixe. Havia dias melhores, outros não! Havia dias em que a sua mãe pouco vendia e, ao fim do dia, não havia pão, nem se vislumbrava outra solução que não fosse pedir um pouco de sopa à tia Conceição. Dia após dia, sob o sol retemperador, estava o jovem Gabriel já acostumado àquele calor, àquele reboliço de quem faz pela vida, aos saltos da cri...